quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O poeta e a musa




não me coube perto [sedento]
não me soube mar [em fúria]
era parte, era pulso
era musa

Lou Vilela

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Buscar o invisível

Imagem Camis Mendes


as melhores paisagens surgem
de soslaio
quando não há espera.

Lou Vilela

sábado, 17 de novembro de 2012

Hoje


Para Assis Freitas e Daniela Delias*


pensei em flores
a mim representam
quando não posso ser asa
rota de colisão
visgo, tátil, metaforizada
cá estou, orquídea, lilases
desejo vingado em palmas de mãos

Lou Vilela

* Pelos recentes lançamentos dos livros:

 "Boneca Russa em Casa de Silêncios", da poeta Daniela Delias;  
"O ano que Fidel foi excomungado", do poeta Assis Freitas.



Tátil


adivinhava o tom
subtraído silêncio
onde mãos por deslize
compunham o gozo

Lou Vilela

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alvo

Imagem da internet, sem indicação de autoria.


tão feroz o olhar que atravessa
e conclui.

somos! onde nem mesmo as trincheiras
anteparam.

seguimos, apesar da mira.

Lou Vilela

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sertão in.verso



Mulher de chita, fotografia e gravura digital de Lilian Goulart/2010


Era tanta vida ali guardada
Aos poucos em silêncio trans.bordava
A menina de memória refazia-se
Em soluços que o vento sequestrava.

Fez da vida germinada em sua gente
Um jardim fecundo abastança
Irrigou o Ser-tão cantou Gonzaga
Catou seixo comeu palma ordenhou cabra.

Colheu pé de menino em terra seca
Fez do sol uma clave em sua alma
Do luar um manto puro simples
Do poema um latão cheio de água.

Aprendera desde cedo que a poesia
Abriria a porteira de sua casa
Enfeitou-se de chita e alpercatas
Seguiu a galope em suas asas.

Lou Vilela

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sem hora

Imagem sem indicação de autoria.


O poema chegou-me pronto, vermelho
Trazia um brilho no olhar
E nos amamos, tocados
Pela fúria do instante

Lou Vilela


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Crisântemos

Chrysanthemum coronarium


I
Nos anos em que somos rendidos
Depositamos nas gavetas os retalhos
Histórias alfinetadas
Colchas artesanais
O cetim das causas perdidas

II
Se a alma está de luto
A vida perde momentaneamente o sentido
Lembro-me de sempre querer acordar

III
Quando o vermelho se esvai
A escrita embrutece
Perpetua a faca
E o corte profundo
Na garganta

IV
Mas o sol pontualmente cumpre o seu papel
Seca o tempo de ausências

Lou Vilela