domingo, 28 de outubro de 2012

Das pedras




houve a inquietação, o paradigma
os senhores de si, de mim
tomos – tombados
nas esquinas
pedras que ruminavam latim

Lou Vilela


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Retrô



A experiência é o nome que damos aos nossos erros.

(Oscar Wilde)



há dias, tudo é perto, urgente
calço as minhas luvas
do tempo 
um apelo
retrô 
visor

Lou Vilela

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Psique



quando a percebi
cercania, (es)paço
tudo mudou

o investido, não-dito
soube-se corpo
e alma

alimentamos Saturno

Lou Vilela

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Poesia a mar aberto




Ela alimentava o meu vício
: eu insistia, insistia.
Mal-acostumado, embriagado
repetia-me – um fraco, apaixonado.

Para tê-la em meus braços,
sentia o ópio, pulsava o caos,
vasculhava instantes,
amor sem igual.

Já não importava pagar, ou ser pago;
o risível, o onanismo dos troncos
às copas das árvores.

A louca forjava-me 
atitude, possibilidades
: eu insistia!

Lou Vilela

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dimensões do silêncio

Arte: David Ho


que mistérios tento desvendar
na pedra silêncio?
sob uma fragilidade de dentes
mastigo seu corpo.

Lou Vilela

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O rio que sou



Cada palavra um visgo, uma ponte 
neste Capibaribe de quimeras.

Lou Vilela



* Capibaribe vem da língua tupi e significa rio das Capivaras ou dos porcos selvagens. O Capibaribe teve grande contribuição para o desenvolvimento sócioeconômico do Estado de Pernambuco e do Nordeste. Para mais informações, clique aqui.
** Imagem: Pontes da cidade do Recife, registro Sistema Jornal do Comércio de Comunicação.

sábado, 6 de outubro de 2012

Tarde gris


Juan Gris, Self portrait, 1912. 


não me tomes por triste quando relato
o meu, o teu -- o nosso cansaço
entrecortado
animosidade gutural

não me tomes por triste

só poeira, olhar alérgico
descompasso
trans.formação

não, não me tomes por triste

cada veio, cada rasgo provém
de um tempo que esfola
e abriga

Lou Vilela


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Último poema



este é meu último poema
[todos potencialmente o são]
fica o ranço
dias de chagas
o que haja
até uma nova floração
este é meu derradeiro poema

Lou Vilela