sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ouse

Christiaan Tonnis -Virginia Woolf, oil on canvas, 1998.


 Ouse

É preciso um silêncio, uma febre, uma pena:
Arrancar a pele mil vezes, revirar o estômago;
Prescindir de perfurar os olhos,
De enfiar nos bolsos todas as pedras.

Lou Vilela


* No dia 28 de março de 1941, Virginia encheu os bolsos de seu casaco com pedras e afogou-se no rio Ouse.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Peleja

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Retirantes, Cândido Portinari.


Vaga.mente por entre cactos
Uma sede cresta Ser.tão
Disputa palma com o gado.

Lou Vilela



* A palma constitui alimento volumoso suculento de grande importância para os rebanhos, notadamente nos períodos de secas prolongadas, pois, além de fornecer alimento verde, contribui no atendimento de grande parte das necessidades de água dos animais (Lira et al., 1990).

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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Antipoema para olvido

Gustave Doré - A Divina Comédia


Chega o dia em que se percebe que não há pausas.
- Como tratar as feridas?
 
O mundo é um rolo compressor.
- É preciso agilidade para não ser esmagado.

E tudo tem um preço.

Os medos crescem:
lida-se com a violência, com a intolerância, com o desamor;
o sumo da bestialidade, a fera de cada um.

Os bolsos vão-se esvaziando.
Sim, há um preço [e um risco].

Com_tudo há também o arco, a flecha [o impulso]
e quintanares de possibilidades
além do excremento humano.

Lou Vilela
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