quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Imperdível: Maria Clara - uniVersos femininos


Maria Clara — uniVersos femininos, coletânea que reúne 12 poetisas de diversas localidades do Brasil, possuidoras de formações e atuações profissionais várias, cujos trabalhos literários, então expandidos na internet, tem alcançado significativa repercussão junto aos leitores.

A obra foi lançada recentemente durante a 21ª Bienal Internacional de Livros de São Paulo, pela LivroPronto Editora-SP, e resulta das interações construídas no blog/projeto voltado à apreciação de poesia feminina, sob a coordenação de Hercília Fernandes, Maria Clara: sim ples mente poesia.

O livro contém 256 páginas distribuídas em 12 capítulos individuais e coloca em pauta a relação "gênero x poesia". Integra as discussões pautadas na visão de que a escrita elaborada por mulheres na atualidade transcende aos ditames da tradição falocêntrica e misticismo religioso, posto consistir uma criação que "diz", que "revela"; muito embora mantenha, ainda, traços pertinentes ao lirismo feminino, como o sentimento, a imagética e a introspecção.

A coletânea evidencia, assim, os saberes e as experiências dos universos femininos, confere valoração à leitura/escrita feita por mulheres em suas práticas sociais cotidianas. Essas considerações são postas, à reflexão do leitor, no livro, na apresentação historio(gráfica) de Hercília Fernandes.

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O prefácio, intitulado "Noivas na estante", foi escrito pela Profª. Drª. em Literatura Comparada Ana Santana Souza de Fontes Pereira (UFRN), cuja apreciação crítica, constituindo uma poética a mais no conjunto da composição, destaca a multiplicidade no fazer literário das autoras, donde as "marias": "se vestem de tônicas, em todos os tons do claro (do rosa ao cinza), e estão prontas para pular muros ou atravessar paredes e casar com a poesia. São noivas pegando tudo que as inquieta (e mais o que a visão de lupa coleta) para criar uma paisagem reciclada de açúcar queimado em que versos escritos à ponta de faca perturbam como ferroada de marimbondo bravo (p. 16)".

O livro comporta preciosas considerações, em posfácio, sobre "a leitura de mulheres na obra do pintor francês Pierre-Auguste Renoir", especificamente em "Woman Reading", pintura em destaque na capa do livro. A análise foi elaborada pela historiadora e atriz, também poetisa, Nina Rizzi (UNESP), que assegura que as "marias claras", nesta coletânea, vão "além do caderno goiabada, das continhas e do fardo de que a mulher somente se realiza na maternidade" (p. 255).

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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fisiológico


La Dormeuse - Renoir
 
tua fome é carne
que me come;

é traje
que visto
pelo avesso;

trágica,
profética,
é tropeço;

prurido,
pecado
e perdão.

tua fome
exaspera
minha fome
 – alimento
que abisma
e me mata.

Lou Vilela


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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Poema sem título

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CHAGALL, MARC (Russian, 1887-1985) -  'The Village by Night'





Se um dia tropeçarem
em teus passos
[um ir mais além,
rasgar o imediato]
já terá valido
a pena.

Lou Vilela


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domingo, 19 de setembro de 2010

Incondicional

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Encontrar-te é prazer
imbricado à dor.

Houvesse possibilidade,
arrancaria teu grito

- iria enfiá-lo
em minha boca,
acostumada que sou
com sons
entredentes;

libertaria teu canto
de passarinho.

E, passaria.


Lou Vilela


 

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sábado, 18 de setembro de 2010

Poema inter.rompido

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O tempo, cova de espantos;
as gentes, braseiros de saudades...

Lou Vilela




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domingo, 12 de setembro de 2010

Mais um dia de Maria...

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          De hoje até a próxima terça-feira estou no Maria Clara: simplesmente poesia com o conto "Nudez indesejada". Para dar uma espiadinha, é só clicar aqui.

Abraços,
Lou

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sábado, 11 de setembro de 2010

Feminina e plural


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terça-feira, 7 de setembro de 2010

O mar e a língua

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domingo, 5 de setembro de 2010

A fome de cada um

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Quem desejar conhecer um pouco mais sobre o trabalho do 
artista plástico Victor Ângelo, é só clicar aqui.



A fome que nos rege
Alimentada de lombrigas
Escoa pelos vasos
Da sociedade gastronômica

Fezes, ratos, outros grilos
Entopem esgotos
Que transbordam
Aos bramidos

Nos púlpitos, súplicas se alastram
Nas públicas, ações se arrastam
Nos púbicos, alguns gozam
[Enquanto p(h)odem,
Outros sangram


Lou Vilela

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sábado, 4 de setembro de 2010

Maresia

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Praia de Calhetas, Cabo de Santo Agostinho - PE; por Lou Vilela.




Tua sede represada
Inunda-me sal(dades)
Saliva de (a)mar
Profundo

Lou Vilela




Caríssimos(as), 

Por motivo de força maior, continuo sem conseguir dispensar a todos a atenção que merecem. Mais uma vez, aproveito a oportunidade para me desculpar e agradecer imensamente pelo carinho recebido.

Beijos saudosos,
Lou

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