domingo, 30 de agosto de 2009

Era uma vez...

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Meu poema
é um tumulto:
a fala
que nele fala
outras vozes
arrasta em alarido

(Ferreira Gullar)





Melhor assim!
Cedo ou tarde
me seria necessária.
Quero um vestido
de manhãs ensolaradas
e sapatos alados.




Naquela noite
serviram-se do melhor vinho da adega.

Era cedo, muito cedo para embriaguês.
E tarde - indiscutivelmente tarde -
para qualquer barulho.

Balbucios distraídos renderam-se
a Baco e a noite, silente e cálida,
pariu suas estrelas, testemunhas
de mundos distintos sem chão.




Espantei os fantasmas
destilei cicuta
um cretino
instigando, dis.puta!

Era tarde, chorei...
exorcismos, re.versos
ao avesso me vi
divino-perverso.

Mergulhei em esgoto
quebrei o mosaico,
uma vida fingida.

Cedo ou tarde, parti...
na mala um uivo
e um punhal
de saudades.



Era uma vez...




Lou Vilela
Recife, 29/08/09



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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Portal do Escritor Pernambucano

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Meus caros:


Dia 27/08 foi lançado o Portal do Escritor Pernambucano, projeto idealizado por Raphaela Nicácio – jornalista, pós-graduada em Jornalismo Cultural e editora responsável pelo Portal.


Tive a grata satisfação de ser mencionada em uma das matérias inaugurais, denominada Literatura em Rede - na citação do Ritmos e Rimas, um dos blogs que produzo, e do Maria Clara: simplesmente poesia, blog administrado pela poetisa e professora Hercília Fernandes, onde colaboro juntamente com outras vozes femininas.


O Portal é um espaço muito rico e oferece, inclusive, a possibilidade de participação àquelas pessoas que desejarem publicar os seus trabalhos. Vale a pena divulgar o site - mais um canal em prol da literatura.



Um grande abraço,
Lou Vilela

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Caí" no Balaio

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Caros amigos,

Estou no Balaio Porreta 1986 - no. 2765, de 27/08/09. Quem tiver disponibilidade, passa lá para prestigiar o mestre Moacy.

Abraços,
Lou

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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Poetrix

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Escritos em diferentes datas.



Espelho baço


Imagem distorcida?

Marcas de risos e choros,

histórias de vida.



Porvir


Gente a velar

lembranças a pairar

destino incerto.



Viagem*


As noites se seguem...

desde a partida,

cicatrizam as feridas.



Dama de negro*


Soberana

sem argumentos

leva-nos um pedaço



A lágrima


percorre o rosto...

Cadê a criança?

O tempo matou!



Cultivo


Futuro promissor

à espreita:

terra sulcada para nova colheita.



Dor


Efêmera,

leva consigo queixumes:

deixa sua marca!



Momento hedonista:


sussurro da chuva

carinho das cobertas

sedução das letras



Mente


insubordinada

dissipa-se

da razão




Lou Vilela





Para José Vilela “in memoriam” *


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domingo, 23 de agosto de 2009

Poema primitivo

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Imagem by Lou Vilela





* Esse poema "caiu" no Balaio Porreta 1986 - no. 2765, de 27/08/09.

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A origem do pecado

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Gente que merece castigo

gente que merece perdão

se tudo é relativo

como julgar a questão?



Tantos crimes cometidos quanto castigos

tantas rezas quanto sermões

e há aqueles que intermedeiam

todas as negociações.



As dividas são pagas

o devedor perdoado

mas eu ainda questiono

a origem do pecado.



Alguns me respondem de lá

que é uma convenção

adotada de boa fé

pelos denominados cristãos.



Sendo de boa fé

assumo o pecado, aceito o perdão

mas se não for pedir muito

não quero intermediação.



Lou Vilela

Escrito originalmente em 04/12/ 07.


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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Tradução infiel

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Os meus longes traduzo

em versos infiéis

: são livres sem julgo

sussurros do vento

que prenhe esvazia.


Os meus longes de água

molham a face e buscam

o reflexo.


Lou Vilela





* Tem poema meu no Teorema da Feira! ;)


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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Varal de lembranças II

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O cheiro de café forte afaga o nariz.


Ainda há roupas no varal! Os velhos

cabides ignoram o tempo e festejam a
dança das roupas.

O vento enxuga as lembranças.



Lou Vilela

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sangria II

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são várias fases
uma lua

caminhos sinuosos
tantos quanto a necessidade
o tesão o tampão
o yin o yang
o maniqueísmo
a puta que pariu

são várias faces
uma fêmea


Lou Vilela
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domingo, 16 de agosto de 2009

Às Marias

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Hoje é dia de Maria...


Maria dos morros dos velórios

das sacadas das calçadas

dos achados dos perdidos


da Maria-vai-com-as-outras

e da outra, a que fica


Daquela Maria que almeja

paixão preguiçosa

que mexe remexe acomoda

(não se atreve ir embora)

traveste-se em amor


Também da Maria-abismo

antro de perdição

Maria-bordô!


Da Maria de encantos mil...


Maria-rosa chocolate

branco neve algodão doce

Maria-espinho


Importada nacional

acadêmica analfabeta

executiva piloto de fogão


Maria do príncipe

(futebolístico ou não)

Maria que ama Maria...


Daquela que crê que reza que implora

que vai à igreja que despacha na esquina

que não dá bola


Maria da fome, dos talheres de prata

erudita popular

(“ir-me-ei...; toma lá da cá!”)


Maria boêmia abstêmica

avião balão

Maria, Maria...


Bruta lapidada

peçonhenta panaceica

(dese)equilibrada

puta indissoluta

(r)evolução estelar


Todas belas, todas manias

com ou sem cria

Marias emoção!


Sim, todo dia é dia de Maria!

que tomba levanta que sonha

que cala, das vozes-maria


Maria (im)perfeição

Maria poesia


- Ave, Maria!



Lou Vilela





* Adaptação de imagem by Lou Vilela

** Poema publicado no Maria Clara: simplesmente poesia.


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sábado, 15 de agosto de 2009

Do Nudez ao Teorema

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Meus caros,

Tive a grata satisfação de ver um poema meu no blog O Teorema da Feira. Quem puder, dá uma passadinha lá para prestigiar o espaço, o qual, vale salientar, é muito rico.

Lívio, obrigada pelo presente!

Um excelente final de semana a todos,
Lou Vilela

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Bonecos de Vitalino

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"Os grandes artistas são aqueles que
impõem à humanidade a sua ilusão particular"
(Guy Maupassant)


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forje-se pelo sim, pelo não

cavalgue pastos invisíveis

a caminho

escancare a boca

engasgue cuspa engula

vida


barro é moldável

[e assa e trinca e quebra]



Lou Vilela






NOTA:
Para saber mais sobre o Mestre Vitalino clique
aqui.

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Liquefez-se

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Uma montanha de
atro.pelos
domou-lhe a língua.



Lou Vilela



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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Poeta delinquente

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Aprumou o aríete e

golpeou a vulva da noite.


Não houve remorso

só um riso sarcástico

subscrevendo o poema.



Lou Vilela



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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Avoa II

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Não quero concordância!
[só olhouvidos atentos,
bocartefalada].

Contudo, caso prefiras,
posso interpretar o silêncio
e debandar com os pássaros.


Lou Vilela
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domingo, 9 de agosto de 2009

Rupestre

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Pelas paredes

minha boca teu ouvido.



Em ponto alocêntrico

nossos umbigos

em pleno onanismo.



Lou Vilela





Nota:

Diálogo com o poema "Umbigo", de Henrique Pimenta.

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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um mote e muitas léguas de distância

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Gostaria de lhe falar, Senhora,

desta agonia

[macho quando chora].



Usei terno, crucifixo, patuá...,

mas empaquei

- tal qual jumento -

sem conseguir me aprochegar.



Restam-me letras tortas,

uma viola,

um chifre de touro brabo...

muita ladainha para o meu

Padim Ciço escutar



e o mote, Senhora,

que me inspira até hoje

e que eu suspeito, ai-me-acudam,

que a Senhora vive a espreitar.



Êta vida besta!




Lou Vilela

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Digital

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Clique na imagem para ampliar
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